Sobre Stranger Things S4

R. Duval
5 min readJul 14, 2022

Esse post, naturalmente, contém spoilers da quarta temporada de Stranger Things. Você foi avisado!

Demorei, mas cheguei. Vários fatores fizeram eu deixar ST4 em segundo plano até então (alô, vida adulta), mas no último fim de semana finalmente assisti toda a temporada. Não era meu plano original escrever aqui as minhas impressões, mas depois que percebi que já tinha feito isso com todas outras temporadas da série, tive que retomar esse hábito.

(Pra quem é curioso, aqui estão os textos das temporadas um, dois, e três.)

Vamos começar com o principal problema dessa temporada e sei que muitos vão concordar: a duração dos episódios.

Na terceira temporada eu já reclamei que 50 (!!) minutos por episódio era muito pra Stranger Things. Que inocente eu era. Desculpa, mas nenhuma série no mundo precisa de um season finale de DUAS HORAS E VINTE. Muito menos vários e vários episódios com aproximadamente 70+ minutos.

Esses infinitos minutos acabaram causando outro dos principais problemas na temporada. Por ela ser tão longa assim, vários plots se perdem e se enrolam. Imagino que os criadores Duffer considerem a participação de todo elenco igualmente importante e interessante. Como meros espectadores, sabemos que esse não é o caso.

Se o arco da temporada anterior com os russos já era ruim, nessa temporada nem o Jaqen de Game of Thrones conseguiu salvar. Foi chato, e a forma que eles conseguiram unir esse plot com a trama do Vecna foi tosco e muito forçado. Algo tipo “vamos matar uns monstros aqui e esperar que faça algum efeito no Vecna que, por sinal, existe???”

Pelo menos foi um coadjuvante decente

A road trip do Mike, Onze, Jonathan, e o novo maconheiro também foi péssima. Primeiro, a série passou tempo demais fazendo a Onze reviver seus traumas pra recuperar os poderes. Tudo bem que isso se conectou ao Vecna eventualmente, e foi assim que aprendemos sobre sua origem, mas mesmo assim, demorou demais. O “papa” da Onze já deveria ter morrido faz tempo, não sei como ela mesmo não o matou antes.

Em segundo lugar, ainda sobre o grupo da road trip, eles também tiveram que participar da “batalha final” à distância. Pelo menos isso fez mais sentido, a Onze entrando na mente da Max, etc. Superpoderes.

Tanto no grupo dos adultos como na road trip, tivemos papéis secundários que tiveram destaque demasiado e desnecessário. Tudo bem a série inserir personagens novos, mas o maconheiro e o Yuri não precisavam ser tão “engraçados.” As atuações eram forçadas, assim como as piadas. Os personagens podiam ser, tipo, normais, e não comediantes. O entregador de pizza até dá pra entender e acabo passando pano (é jovem afinal) mas o Yuri não precisava ser daquele jeito idiota.

Um breve parênteses.

Uns dias atrás li um pedaço de uma entrevista com o Eric Kripke, criador da série The Boys da Amazon, para o Vulture. Ao questionado sobre “fazer série para streaming vs fazer série para canal de TV, episódios semanais, como era antigamente,” ele mencionou o seguinte:

Basicamente, existem algumas vantagens pra quem faz série direto pra streaming e lançam todos episódios da temporada de uma vez (claro, existem casos e casos). Uma dessas vantagens é que as pessoas que fazem esse tipo de série “estão confortáveis com a ideia de te dar 10 horas onde nada acontece até a oitava hora.” (…) “Continuem vendo, os críticos vão dizer que lá no episódio oito, a coisa começa a ficar séria.”

Isso, e ST4 se enquadra bem nisso, acaba tornando temporadas inteiras em um filme gigantesco, e acaba demorando muito para as coisas realmente sérias e importantes acontecerem.

Alguém avisa os Duffer que ST é pra ser uma série de TV, não uma saga de filmes.

Bom, mas vamos ao que presta. A parte boa dessa temporada. A investigação de Dustin, Steve, Max, Robin, Nancy, e Lucas sobre o Vecna. É por isso que assistimos Stranger Things, gente. Drama colegial e adolescentes se metendo em confusões assustadoras. Os atores por sinal já estão velhos demais pra fazer papel de pré-adolescente. Espero que na temporada final realmente tenha um pulo temporal.

Eddie, o mestre da mesa de RPG do Hellfire, foi uma boa adição ao elenco, mas foi previsível ele ter morrido. Foi legal o Dustin ter um mentor, e a cena dele com o tio do Eddie no final foi bem emocionante. Sem contar que ele tocando Master of Puppets foi simplesmente icônico. RIP King.

Falando em música, vamos enfim à melhor parte e cena da temporada. Max e Running Up That Hill. Falei mal da temporada inteira nesse post, mas obrigado Stranger Things por feito esse revival da Kate Bush e dessa música linda e incrível. Admito, eu só conhecia Bush de nome, mas virei grande fã.

A cena onde botam os fones na Max pela primeira vez foi maravilhosa. Sensacional mesmo. Obrigado.

Agora pequenos comentários sobre os personagens em geral.

O “trisal” Will x Onze x Mike foi meio chato, mas deu pra entender. Quem nunca foi a vela em situações parecidas? Poderiam, entretanto, ter trabalhado melhor os sentimentos do Will. Inclusive pelo tanto que falaram nas redes sociais eu jurei que fariam isso, mas ficou bem superficial mesmo. Só sabemos que ele gosta do Mike? Certamente temporada que vem botam um personagem novo pro Will ter algum tipo de desenvolvimento. Só espero que esse personagem não morra…

Max acho que foi a minha favorita da temporada. Apesar de estar bem introvertida e fechada agora, ela foi a mais séria e de importância fundamental pra trama toda. O alívio que eu senti quando percebi que ela não ia morrer de fato.

Nancy também está virando uma das minhas favoritas, ao contrário de Robin. Robin tá ficando apenas chata, a personagem que sempre precisa tá fazendo piadinha porque ela é envergonhada e constrangida. O lance de jornalista da Nancy é legal. Fiquei feliz que não teve nada com o jornalista parceiro dela, mas infelizmente lá vem os roteiristas separar ela do Jonathan e querer que shippemos ela com o Steve de novo. Não, cara. Não façam isso. Essa incerteza é besta. Decidam-se.

Mas acho que era isso. Em geral, sinceramente, tem tantas outras séries melhores do que Stranger Things por aí. A próxima temporada vai ser a última e fico muito feliz por isso. Foi incrível, mas tá na hora de acabar.

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